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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Reportagem sobre o avanço das fábricas de produtos eróticos."

A indústria de produtos eróticos não para de crescer.

 

 

Renata Bertacini, sócia da butique erótica Mimo Sexy: ambiente sofisticado, variedade de produtos e vendas em domicílio
Cresce no Brasil uma indústria que há uma década nem sequer existia: a de produtos eróticos, que deve movimentar cerca de R$ 900 milhões neste ano, quase 15% a mais do que em 2008. A Erótika Fair, maior feira do setor no país, com 12 anos de existência, é o termômetro mais claro de como estão fervilhando os negócios movidos pelo desejo. Em 1997, quando abriu as portas, as vendas totalizaram R$ 300 mil. Pouco mais de uma década depois já somam R$ 4 milhões. Para atender um público cada vez mais exigente, os fabricantes e lojas do ramo não economizam com novidades. Oferecem vibradores em forma de bichinhos, aparelhos que funcionam ligados ao MP3, loções com sabores de chocolate e frutas, papel higiênico com imagens sensuais e bonecas de silicone desenvolvidas com efeitos especiais, vindas de Hollywood.
Se, em meados dos anos 90 os homens eram o principal público-alvo desse mercado, hoje as mulheres são as grandes estrelas. “Elas são responsáveis por mais de 70% das vendas e as mais abertas a novidades”, afirma Evaldo Shiroma, presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico (Abeme). É de olho no antenado universo feminino que a empresária Renata Bertacini, 35 anos, abriu ao lado da irmã, Fernanda, a butique erótica Mimo Sexy, na sofisticada região de Alphaville, na Grande São Paulo. Inaugurada há quatro anos, a loja conta com dezenas de artigos nacionais e importados, cosméticos e lingeries, além de promover palestras e cursos. Um dos mais concorridos é o de striptease, a R$ 150 por participante.
Para atender às necessidades da clientela, Renata também vende pela internet. O e-commerce responde por 10% do faturamento médio mensal da Mimo Sexy, na casa dos R$ 25 mil. Também adotou o sistema de delivery, responsável por até 10% das transações. “Esse é um mercado que pede novidades constantes, não só na linha de produtos, mas principalmente no marketing”, afirma. Disposta a incrementar ainda mais as vendas, Renata realiza happy hours mensais para um grupo seleto de 15 clientes. “Um mês promovo palestras, no outro, um curso diferente. O resultado é um sensível incremento nos negócios.”
A sócia da Mimo Sexy ressalta que hoje as pessoas têm menos vergonha e falam mais de sexo, o que facilita o crescimento do setor. “Muitas das minhas clientes, quando chegaram aqui pela primeira vez, nunca haviam entrado em uma sex shop. Começaram comprando apenas lingerie. Hoje, escolhem um novo brinquedinho a cada visita”, conta. Para a sexóloga Carmita Abdo, organizadora do Museu do Sexo e coordenadora do programa ProSex, do Instituto de Psiquiatria da USP, esse é um comportamento que tende a se acentuar cada vez mais. “O liberalismo da população tem sido puxado pelas mulheres. Elas se casam mais tarde e têm um número maior de parceiros. Se a mulher muda, o casal também muda”, afirma. Ela calcula que entre 6% e 7% da população adulta brasileira faz uso rotineiro dos objetos eróticos.
Disposto a ganhar mais espaço nesse mercado em ascensão, o empresário André Luiz Marques da Silva, 31 anos, sócio da Adão & Eva, fabricante e importadora de produtos eróticos, se prepara para a primeira grande expansão da empresa. Há dois anos, quando começou a operar, sobrava espaço no galpão de 500 metros quadrados para estocar os produtos prontos. Hoje falta. “Investimos R$ 500 mil na reforma e adequação de uma nova área de 2 mil metros quadrados, que deverá entrar em operação em breve”, afirma Silva. A empresa tem 1.200 produtos em catálogo, entre eles, vibradores, próteses penianas, artigos de couro, como chicotes e algemas, e uma linha de cosméticos com a marca SexyHot. “Quando começamos, contávamos com apenas 50 itens, o que prova que para ganhar a preferência dos clientes, cerca de 3.500 ativos, é preciso ser dinâmico e oferecer novidades constantes.”
André Luiz Marques da Silva, da Adão & Eva: catálogo com 1.200 produtos e 3.500 clientes ativos
Os investimentos da Hot Flowers caminham, também, em direção ao varejo. A primeira franquia da rede Sexsens, criada pelo empresário, deverá ser aberta ainda este mês na cidade de Campinas, interior de São Paulo. O investimento gira em torno de R$ 60 mil para uma loja de 30 metros quadrados, sem contar o estoque.
Marcar presença no varejo, mesmo com apenas uma loja, significa encurtar o caminho e atender mais rapidamente às demandas do consumidor. Foi a grande procura por lingeries sensuais que fez a empresária Clyver Cristiany Scheer, 34 anos, dona da confecção Daiany, com sede em Guarulhos, na Grande São Paulo, ampliar sua gama de produtos. Fabricante de lingerie, moda praia e roupa de ginástica, ela não pensou duas vezes antes de produzir roupas íntimas e fantasias sob medida para momentos a dois. A primeira coleção erótica saiu das máquinas de costura em fevereiro de 2008. E só cresceu desde então, de acordo com Clyver. “Das 26 mil peças fabricadas, pelo menos 8 mil são classificadas como eróticas, o que ajudou a engordar o faturamento, hoje em torno de R$ 250 mil mensais.” Ela observa que, assim como a moda, esse é um segmento marcado pela sazonalidade. “O Dia dos Namorados é o nosso segundo Natal. Entre uma data e outra é preciso aquecer as vendas com promoções especiais.” Clyver criou o Dia D, uma megaliquidação para diminuir os estoques e renovar a coleção e o Daiany Vip, encontro realizado uma vez por ano, só para mulheres. “O ingresso custa R$ 50, valor que é descontado nas compras. O resultado é bastante positivo”, diz. A última novidade da marca é a oferta de uma linha exclusiva de perfumes com feromônio, substância química que desperta o desejo sexual. “Precisamos ter variedade para o cliente não procurar a concorrência”, afirma Clyver.
Ganhar a confiança e a atenção da clientela é um dos maiores desafios desse mercado, que conta com nada menos que mil sex shops e outras tantas mil vendedoras diretas, gente que leva o produto desejado à casa do consumidor. Helena Almeida, 44 anos, casada e mãe de um casal de filhos, é uma delas. Há quase dez anos ela sai de casa todos os dias com o carro cheio de malas recheadas de produtos eróticos. Atualmente, os artigos mais pedidos são calcinhas e cuecas comestíveis, além dos vibradores. “As margens de lucro são boas. Chegam a 100% nos brinquedinhos eróticos e até mais na venda de lingeries”, afirma Helena. “Meu faturamento líquido é de R$ 2.500 mensais.” Para quem, assim como ela, deseja se dar bem no ramo, a vendedora dá um conselho: nunca deixe de atender ao pedido de um cliente. Se não tem no estoque, corra atrás e entregue. Respeitar e entender os desejos da clientela, na opinião dos especialistas, é um dos principais segredos do sucesso, principalmente quando o assunto é mercado erótico.

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